Empresa milionária envolvida em suspeita de fraude em Casimiro de Abreu não tem sede e endereço aponta para residência

A empresa Vitória Construtora e Comércio, que já recebeu mais de R$ 7 milhões da Prefeitura de Casimiro de Abreu em contratos sem licitação, não tem sede própria e funciona em um endereço residencial. Apesar de constar no cadastro da Receita Federal e no contrato com a prefeitura como sediada na Avenida Joaquim Leite Serrão, no bairro Chacrinha, em Japeri, no local, quem procura encontra um prédio residencial com características comuns a casas familiares, incluindo portão de garagem, entrada social e uma pequena loja com porta de vidro aparentando estar vazia. Na fachada, não há nenhuma placa indicativa da empresa.
A Vitória Construtora e Comércio foi contratada pela Prefeitura de Casimiro de Abreu em março de 2022, através de adesão a uma ata de registro de preços da Prefeitura de Guapimirim, para a realização de manutenções prediais nas unidades da rede municipal de ensino. O contrato inicial, no valor de R$ 3.490.384,17 por 12 meses de serviços, já foi renovado duas vezes, totalizando R$ 7.638.600,43 pagos até o momento.

O endereço que consta no CNPJ da empresa, e que também foi utilizado no contrato com a prefeitura, é diferente do apontado como sede da Vitória Construções junto à Prefeitura de Araruama em 2019, quando a empresa foi contratada para a reforma do Terminal Rodoviário do município. Na ocasião, a empresa constava como sediada na Rua Manoel Ferreira, 95, também no bairro Chacrinha, em Japeri. As diferenças nos endereços registrados e a falta de identificação da empresa no local onde diz funcionar levantam questionamentos sobre a real estrutura da empresa e a transparência em suas atividades.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Casimiro de Abreu e com a empresa Vitória Construtora e Comércio para obter um posicionamento sobre as inconsistências nos endereços e as denúncias de irregularidades, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.
Esquema de desvio de dinheiro público
As denúncias contra a empresa e a Prefeitura de Casimiro de Abreu vão além das inconsistências nos endereços. Há indícios de um possível esquema de desvio de recursos públicos, incluindo favorecimento da empresa em licitações, reformas em imóveis particulares de autoridades municipais com verbas públicas e a utilização de homens armados para intimidar concorrentes em processos licitatórios.
RELEMBRE O CASO
Graves denúncias apontam para um possível esquema de desvio de recursos públicos na Prefeitura de Casimiro de Abreu. De acordo com informações, Guilherme Faria Rodrigues, Chefe de Manutenção da empresa Vitória Construtora e Comércio Ltda., estaria utilizando sua posição para beneficiar a empresa em contratos milionários com a prefeitura.
A empresa Vitória Construtora e Comércio Ltda., que possui contratos milionários com a prefeitura para reforma predial, teria se beneficiado de uma adesão a uma ata de registro de preços, dispensando a necessidade de licitação. Essa prática levanta suspeitas de favorecimento e irregularidades na contratação da empresa.
As denúncias também apontam para a realização de reformas em imóveis particulares de autoridades municipais, utilizando recursos públicos. Entre as beneficiadas, estaria a Secretária de Educação, Gracenir Alves de Oliveira, que teve seu imóvel reformado pela empresa, e agora casas de pessoas a pedido do Prefeito. Uma das casas que seria reformada seria de Munique Ferreira.
O Subsecretário de Assistência Social, Renato Guilherme de Lucena, conhecido como “Renato da Sky”, seria o responsável por encabeçar as reformas através da pasta. As denúncias sugerem que o serviço de reforma das casas particulares está sendo custeado com recursos destinados às reformas prediais da prefeitura, configurando um desvio de verba e crime contra a administração pública.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra a participação de homens armados durante uma licitação da prefeitura, impedindo a entrada de outros licitantes. A empresa Vitória Construtora e Comércio Ltda., representada por Marcos Costa de Almeida Siqueira, conhecido como “Careca”, seria a empresa beneficiada por essa ação intimidatória. Segundo as denúncias, os homens armados seriam milicianos da região de Japeri.