Moradora de Casimiro de Abreu diz ter perdido filha por negligência médica e expõe descaso na Saúde Municipal

A trágica morte de uma jovem moradora de Casimiro de Abreu expôs de forma contundente o estado de abandono em que se encontra a saúde pública municipal. Dona Cláudia, mãe da vítima, relata com profunda dor e revolta como a negligência médica e a falta de infraestrutura adequada no sistema de saúde local contribuíram para a perda da única filha, que sofria de múltiplas doenças autoimunes.
O drama começou a se desenrolar em maio de 2023, quando a filha de Dona Cláudia precisou de atendimento emergencial. A jovem, que lidava há anos com condições crônicas severas, foi inicialmente atendida no hospital municipal de Casimiro de Abreu. “Minha filha sempre foi atendida ali, mas o hospital nunca teve o suporte necessário. Em outras ocasiões, eles ao menos a transferiram para hospitais que tinham as condições necessárias. Dessa vez, porém, tudo foi diferente”, relembra a mãe.
Segundo Dona Cláudia, a filha foi internada no hospital local no dia 14 de maio, mas o quadro de saúde dela se agravou rapidamente devido à falta de medicações específicas e de um tratamento especializado. “Eles simplesmente não sabiam como lidar com as doenças dela. Até as roupas de cama eu tive que levar de casa, porque o hospital não tinha nada”, afirmou. A situação se tornou ainda mais desesperadora quando, dias depois, a jovem foi finalmente transferida para um hospital em Campos dos Goytacazes, onde, para o desespero de Dona Cláudia, a situação permaneceu crítica.
O hospital em Campos, para onde a jovem foi transferida por escolha do município de Casimiro, conforme relata a mãe, também não estava equipado para lidar com a gravidade do caso. “Disseram que não era um hospital do SUS e que não tinha as medicações que minha filha precisava. Eu mesma tive que comprar tudo”, disse Dona Cláudia. O resultado desse abandono culminou no falecimento da jovem no dia 2 de junho de 2023, em meio ao desespero e impotência da família. “Me disseram que ela iria morrer a qualquer momento. Eu nunca mais vou vê-la”, desabafa a mãe.
Dona Cláudia não só enfrenta o luto, mas também a indignação pela falta de apoio que recebeu do poder público. “Nunca ninguém veio aqui, nenhuma autoridade me procurou. Apenas meus amigos me ajudaram”, relatou. Ela agora busca justiça, não apenas para honrar a memória da filha, mas para evitar que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento. “Não vai trazer minha filha de volta, mas eu não quero que ninguém mais sofra como eu estou sofrendo”.
Esse triste episódio não é isolado. A situação precária da saúde pública em Casimiro de Abreu tem sido uma questão recorrente, denunciada por moradores e lideranças locais. O candidato a prefeito, Antônio Marcos, criticou duramente a atual administração, destacando a discrepância entre o investimento em eventos festivos e a infraestrutura de saúde. “Nós temos uma secretaria para cuidar da saúde e duas para eventos. E enquanto a cidade se prepara para mais uma festa, desde 2021, já morreram 1.164 pessoas em suas casas por falta de atendimento adequado”, apontou.
Marcos ainda questiona as prioridades do governo municipal, que, segundo ele, deveria focar em garantir que a saúde, segurança e emprego estivessem funcionando antes de direcionar recursos para eventos. “Gostamos de festa, mas a saúde tem que funcionar, o povo precisa estar seguro e empregado. Isso não está acontecendo”, concluiu o candidato.