Ex-servidora da prefeitura de Casimiro de Abreu relata ter sofrido assédio sexual de assessor do prefeito, que é atual candidato a vereador

Uma ex-servidora da Prefeitura de Casimiro de Abreu, Joice, trouxe à tona um grave relato de assédio sexual e moral sofrido durante seu período de trabalho. O acusado é Welton Alexandrino Pinheiro, que, na época, era assessor na prefeitura e, atualmente, é candidato a vereador.
Segundo Joice, o comportamento inadequado de Welton começou de forma sutil, com mensagens de teor pessoal após ele solicitar seu número de telefone para questões relacionadas ao trabalho. À medida que ela tentava se distanciar, ele intensificou o contato, recorrendo até a colegas de trabalho para tentar se aproximar.
“Ele passou a ligar para colegas que trabalhavam comigo, perguntar se eu estava ali, para ele ir ao ambiente de trabalho”, relata Joice.
Em uma ocasião, Welton fez propostas envolvendo cargos, sugerindo que poderia influenciar sua carreira. Além disso, houve episódios de intimidação, como a tentativa de tirar a vaga de Joice.
“Ele ficou falando para pessoas do ciclo dele que ia tirar minha vaga, e eu achava que não seria possível, até que ponto chega uma pessoa desnorteada como ele”, desabafa a ex-servidora.
Conforme registrado no boletim de ocorrência, Joice trabalhava na parte administrativa do Centro de Fisioterapia de Barra de São João, em um cargo comissionado. Após uma série de interações profissionais com Welton, o então assessor começou a procurá-la com frequência e, em uma dessas visitas, tentou sair com ela.
Joice recusou qualquer envolvimento íntimo, deixando claro que sua relação com ele era estritamente profissional. Após a negativa, Welton começou a oferecer vantagens na prefeitura e a fazer propostas de cargos. Eventualmente, Joice foi exonerada de sua posição. O documento também confirma que Welton atuava como motorista do prefeito na época dos fatos.
A situação chegou ao ponto de testemunhas presenciarem o comportamento de Welton, como o caso de uma paciente que aguardava atendimento e viu o acusado segurando o braço de Joice para falar com ela em particular.
“Ela até perguntou se estava tudo bem, porque ele já estava passando do limite”, lembra Joice sobre o episódio. Outro relato mencionou que Welton teria tocado na coxa de uma outra servidora e deixado seu número de telefone, insinuando-se de maneira inapropriada.
Joice, que agora possui uma medida protetiva contra o ex-assessor, reforça a gravidade da situação, questionando como alguém com histórico de abuso de poder se apresenta como candidato a um cargo público.
“Eu nem sei como ele está vindo hoje como candidato a vereador”, afirmou. Ela menciona que outras vítimas, temendo represálias políticas, não denunciaram os abusos sofridos, uma vez que muitas são contratadas temporariamente ou indicadas por vereadores que preferem evitar confrontos. “Infelizmente, ninguém denuncia, porque a maioria é contratada, e os vereadores não querem comprar briga para não ficarem mal com outros”.
Apesar da proteção legal que obteve, Joice desabafa sobre o impacto emocional do que viveu e a dificuldade enfrentada por muitas funcionárias no ambiente de trabalho da prefeitura, onde o assédio, tanto sexual quanto moral, parece ser recorrente.
Ela destaca que o medo de represálias e a falta de apoio institucional silenciam muitas vítimas, contribuindo para a manutenção de um ambiente de trabalho opressor. “Hoje em dia eu me sinto até libertada daquilo. Era um cargo que eu amava, mas me sinto mais leve por não estar mais vivendo aquilo”, conclui.
O caso traz à tona questões urgentes sobre a responsabilidade das autoridades locais e a necessidade de garantir segurança e respeito no ambiente de trabalho, especialmente quando há envolvimento de figuras públicas.